Programa oferece aulas a estudantes hospitalizados

Parceria entre Hospital do Câncer e Núcleo Regional de Ensino garante que crianças e adolescentes não percam o ano letivo durante o tratamento de saúde 

O Hospital do Câncer de Londrina (HCL) e o Núcleo Regional de Educação (NRE) firmaram ontem um convênio de cooperação para implantação do Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar, o Sareh. O programa oferece atendimento pedagógico e educacional às crianças e adolescentes que, por questões de saúde, estejam impossibilitados de frequentar a escola regular. O programa funciona desde abril no HCL, mas foi oficializado ontem.

“Há 30, 40 anos, o câncer era uma doença maldita. Hoje, essas crianças são tratadas e retornam à sociedade. E justamente porque irão voltar, precisamos mantê-las em contato e garantir que não percam o ano letivo”, declarou o presidente do HCL, Nelson Dequech. As aulas na instituição tiveram início em abril e são ministradas no próprio hospital ou na residência dos educandos, conforme a necessidade. “Por enquanto, estamos com uma sala provisória, mas, assim que for terminada a obra, reservaremos um espaço adequado”, complementa.

“Para que implantássemos esse serviço, houve todo um caminhar. Queremos fazer a diferença na vida das pessoas aqui”, afirma a chefe do NRE em Londrina, Lúcia Aparecida Cortez. “Faz dois anos que estamos lutando e firmando parcerias para fazer isso acontecer”, acrescenta Mara Rosival Fernandes, gestora de ações estratégicas e projetos do HCL. 

O hospital é referência no tratamento oncológico para oito regionais de saúde, atendendo a pacientes de mais de 200 municípios. Diariamente, são realizados, em média, 1.250 atendimentos, sendo que 92% dos serviços prestados são destinados ao SUS.

Beneficiados 

Milena Rafaela Rabelo, de 10 anos, estava no 6º ano do Ensino Fundamental quando foi diagnosticada com leucemia e precisou se ausentar da escola por conta do tratamento de saúde. Ela foi a primeira aluna do Sareh no HCL. “Fiquei assustada no início, mas depois descobri que era tudo mais calmo e bonito do que pensava. Quando me disseram que eu iria ter aulas e não perderia o ano letivo fiquei muito feliz. Adoro meus professores”, diz a aluna, cujas disciplinas preferidas são arte e educação física.  

Gleice Kelen, de 14 anos, já esteve internada no HCL, mas atualmente recebe aulas em casa. “Muita coisa mudou para mim. Não preciso mais ficar repetindo de ano.” A mãe de Gleice, Roseane de Souza Ferreira, está satisfeita com os resultados. “Quando eles ficam muito tempo fora da escola, saem da rotina e é difícil retomar depois. Com o programa, eles não ficam tão afastados”.

Educação hospitalar é direito de todos os pacientes 

A proposta de oferecer atendimento educacional a pacientes em período de internação não é nova. A primeira classe hospitalar no Brasil foi instalada em 1950, no Rio de Janeiro. No Paraná, o programa foi implantado em 2007 e, atualmente, conta com 17 hospitais conveniados. Em Londrina, o Sareh já funciona no Hospital Universitário desde 2008. No ano passado, 5.457 educandos foram atendidos pelo serviço no Estado.“Nosso objetivo é trazer alunos que abandoram a rede escolar por questões de saúde. Oferecemos atendimento educacional do 6º ano ao ensino médio, mas, além dos convênios, atendemos também demais alunos que necessitem”, esclarece Lucinéia Silva Terra, responsável pelo Sareh. “Muitos pais não conhecem o nosso serviço, precisamos divulgar para que eles saibam que podem nos procurar. A educação hospitalar é um direito de todo educando hospitalizado.”As aulas têm acompanhamento médico e são ministradas diariamente por professores da rede estadual que passam por um processo seletivo especial. O projeto é assinado pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná, que acompanha, orienta e avalia o programa. A carga horária varia conforme a disposição física do aluno.