Existem três tipos de homens no mundo: os que enxergam o visível, os que enxergam o invisível e os que não enxergam nada. A maioria absoluta entre nós faz parte do primeiro grupo; vemos aquilo que está aí para ser visto. A turma dos que não enxergam nada também é numerosa, e sempre existiu. É aquele tipo de gente que não vê um palmo adiante do nariz – e, no fundo, não aceita que os outros vejam.
Mas o ser humano fundamental é aquele que sabe enxergar o invisível. Assim são os mártires, os heróis, os profetas. Assim foram os pioneiros de Londrina, que viram uma bela cidade no meio do sertão. O engenheiro civil Antônio Carlos do Nascimento, o Baiano, era um desses visionários.
Há três anos, Baiano descobriu que estava doente. Em tratamento, conheceu de perto o trabalho do Hospital do Câncer de Londrina. Todos os dias, via dezenas de pessoas que aguardavam tratamento ambulatorial, sentadas em bancos na calçada. Foi nesse momento que o engenheiro Antonio Carlos enxergou o invisível – e teve a ideia de criar a campanha “Adote 1 m2”.
A meta da campanha, segundo explica o administrador Edmilson Garcia, é construir uma nova ala de 5 mil metros quadrados para oferecer um tratamento mais humanizado aos pacientes do hospital. Para participar, basta contribuir com o valor de um metro quadrado da obra. A partir dessa ideia simples, mas brilhante, Baiano e a equipe do HCL conseguiram mobilizar doações de toda a comunidade.
Sócrates, São Paulo e São Francisco trabalharam com obras de construção. Antes de lançar as bases da filosofia ocidental, Sócrates foi um pequeno empreiteiro. Paulo ergueu a primeira igreja cristã. Francisco, depois de um sonho, construiu a Porciúncula.
Baiano – cujo sobrenome, não por acaso, era Nascimento – soube ver onde nós não víamos. A previsão era de que a primeira parte da obra ficasse pronta no dia 1º de abril. Infelizmente, atrasou um mês; o engenheiro idealizador partiu no dia 2. Mas ele já deixou seu nome em cada tijolo daquele prédio.
Às vezes eu acho que Deus não destrói o mundo porque existem construtores como Sócrates, Paulo, Francisco e Baiano.
Fonte: http://www.jornaldelondrina.com.br/blogs/comoperdaodapalavra/?id=1360363#.UV9DRJVm-Vg.facebook