O caminho do sangue

Responsável por salvar muitas vidas, o sangue doado passa por diversas etapas e testes antes de estar disponível para transfusão

Devido às características do paciente oncológico, o Hospital do Câncer de Londrina (HCL) é um dos hospitais que mais realiza transfusões sanguíneas em Londrina e, por isso, possui sua própria agência transfusional, uma unidade que armazena e realiza todo o processo de testagem de compatibilidade e liberação dos hemocomponentes dentro do hospital.

A agência do HCL é abastecida majoritariamente pelo Hemocentro do HU, que faz parte da rede Hemepar (Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná). O HEMEPAR abastece 95% de todos os leitos atendidos pelo SUS no estado do Paraná, sendo o responsável por abastecer os estoques de sangue de diversas instituições de saúde de Londrina e Região (22 hospitais públicos).

O caminho do sangue começa com o doador, que se apresenta no Hemocentro, portando documento de identificação com foto, no horário agendado.

Inicialmente, é realizado um cadastro e uma pré-triagem com a verificação de temperatura e pressão arterial. Após essa etapa, o doador passa pela triagem clínica para uma entrevista que visa identificar se ele possui boas condições de saúde e se não se expôs a nenhum risco relacionado a doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue.
Nesta etapa, cerca de 20% dos candidatos à doação de sangue são impedidos de doar, em geral por motivos temporários que, naquele momento, representam um risco para si ou para o receptor da doação.

Após isso, os doadores aptos se encaminham para a sala de coleta, onde o processo será iniciado. A coleta do sangue dura cerca de 10 minutos e são retirados, em média, de 400 a 450 ml por doador. Depois, o Hemocentro oferta um lanche e é nesta etapa que se encerra a participação do doador. Nos bastidores, no entanto, o processo está apenas começando.

O sangue é coletado junto de diversas amostras, que passarão por testes para indicação de doenças infecciosas que podem ser transmitidas pela transfusão: Hepatites B e C, Sífilis, HIV, HTLV, Doença de Chagas.

As bolsas passam então por um processo de centrifugação para separação dos hemocomponentes, sendo eles: concentrado de glóbulos vermelhos (hemácias), concentrado de plaquetas (plaquetas) e concentrado de plasma fresco congelado (plasma).

Depois de processadas, elas são armazenadas enquanto aguardam os resultados dos testes. O concentrado de hemácias deve ser mantido entre 2°C e 6°C e sua validade varia entre 35 e 42 dias, dependendo da solução conservadora. O concentrado de plaquetas deve ser armazenado entre 20°C e 24°C em agitação constante e tem validade de cinco dias. O plasma e deve ser congelado a -20 °C e são válidos por um ano.

Segundo o diretor do Hemocentro, Dr. Fausto Trigo, as curtas vidas úteis do concentrado de hemácias e das plaquetas reforçam ainda mais a importância das doações constantes e diluídas ao longo do ano. Para os hemocentros, de forma geral, não é tão interessante que sejam feitos mutirões de doação, pois isso gera um volume muito grande de hemocomponentes sem que haja demanda por tamanha quantidade.

Assim, grandes mutirões de doação podem gerar riscos de descarte, já que passará do prazo de validade. Além do possível descarte do sangue, isso também gera custos para a instituição, que emprega insumos e horas de trabalho para coletar e processar um material que não poderá ser aproveitado.

Assim que chegam os resultados dos testes, se todos forem negativos, o sangue está apto para uso e será encaminhado para a agência transfusional.
É na agência transfusional que o sangue do doador será testado quanto à compatibilidade para com o receptor. O processo é feito com alto rigor para garantir a segurança da transfusão.

Se os testes não apresentarem nenhum tipo de reação entre a amostra do doador e do receptor, a bolsa de sangue é preparada e destinada para o paciente em questão, conforme prescrição médica.

Texto e foto: Assessoria HCL